sexta-feira, 30 de julho de 2010

A síndrome do ultra-importante

Algumas pessoas sofrem da síndrome do ultra-importante, essas pessoas têm uma ânsia por querer falar tudo o que se passa em sua vida, “paparazitando” a sua própria vida.

Será que as outras pessoas realmente acham que é interessante saber tudo o que se passa na vida de alguém? Eu acho estranho querer saber tudo o que se passa na vida de alguém famoso imagina alguém que não faz nada demais na vida, não que pessoas “normais” não fazem nada que seja bom/interessante mas elas não são pessoas ditas públicas. Esse anseio insaciável ganhou (há um tempo) um grande aliado o: twiter. Nessa ferramenta diversas pessoas contam incontrolavelmente tudo o que estão fazendo durante o seu dia, falam que acordaram, que tomaram café (e o que comeram), falam o que vão fazer durante o dia e depois confirmam o que fizeram no dia, falam quando vão ter que se ausentar (por sair de casa) mas assim que tem a chance falam o que aconteceu e voltam para as suas postagens insanas.

Será que as pessoas não podem usar a ferramenta para algo útil? Não vêem nem ao menos como pode ser até perigoso listar todos os acontecidos passados e futuros numa coisa que qualquer um pode ver? Elas estão cegas pela vontade incontrolável de se expor cada vez mais e pior do que postar é ler essa droga a toda hora, dando amparo para essas pessoas acharem que outros não vivem sem saber o que se está passando com a sua vida.

Ninguém nunca será tão importante a ponto de todos quererem saber tudo o que acontece na sua vida, desde a hora que acordou a quantas vezes vai ao banheiro. Utilize seu tempo para algo mais útil.



segunda-feira, 26 de julho de 2010

A função social da escola e os seres que não sabem dessa função.

A escola tem a função de formar cidadãos críticos, autónomos, conscientes de seus deveres e direitos, pessoas capazes de compreender a realidade em que vivem, capazes de terem criticidade diante das situações e relações sociais. A escola é um ambiente democrático que não tem unicamente o dever de ensinar a ler e escrever, ela tem o dever de formar pessoas para a vida. Essa formação cidadã precisa ultrapassar os muros das escolas, precisa ir além do tempo de vida escolar, essa formação precisa ser fixada ao caráter das pessoas. A escola é um lugar de se aprender sobre a(s) diversidade(s) cultural, sexual, social seja lá qual forem as diferenças.
A escola não é um lugar para punições, a escola não é penitenciaria. Ela é sim lugar de saber, deve ser um lugar de prazer, prazer pelo novo, um lugar onde as pessoas estão bem por estarem lá.
Porém apesar da escola ter essa função, muitas pessoas em sua grande maioria desconhecem isso, desconhecem o por que e pra que da escola, muitos reproduzem o que ouvem e reafirmam que a escola é lugar pra punir e lugar apenas pra aprender que 2+2 é 4 e que B + A é BA, e que Pedro Álvares Cabral chegou no Brasil em 1500. Confesso que sinto pena de pessoas que pensam apenas isso, pessoas essas que são apenas vítimas desses modelos de escolas que existem apenas pra ensinar isso, e que não cumprem sua função social.
Pessoas a escola e a universidade não ensinou isso a vocês, mas isso não deve ser motivo pra que a ignorância perpetue em vocês por toda a vida. Descubram, vejam, critiquem, discordem do que parece muito óbvio. Afinal muitas coisas nos ensinaram que era natural e nem tudo é natural. Disseram que homens são superiores, que gays não prestam, que mulheres devem cuidar dos lares e dos filhos, que animais são para ser comidos, que deficientes não pode viver sozinhos, que negros não são gente e disseram também que a escola é apenas um lugar pra levar livros(talvez só eu entenda essa colocação) e a escola não é só isso. Pra dizer que a escola não é só isso existiu e existem teóricos que fundamentam isso muito bem. Enfim, mudem! Mudem os analfabetos funcionais e os analfabetos diplomados. Mais uma vez MUDEM!

“Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai,
sobretudo o que parece habitual. Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em
tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de
arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada
deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar.”
Bertolt Brecht

Violência - 2

Quantas pessoas não sabem de algum caso de violência contra a mulher? Quantos sabem de alguma violência contra uma criança? Esse tipo de violência é tão comum como qualquer outro, só que em geral são bem menos punidos.
Mulheres são vítimas de violência constantemente e muitas pessoas simplesmente colocam uma venda sobre seus olhos para não verem, em vários casos pessoas fazem isso sob a justificativa de que é briga de marido e mulher, namorado/namorada e etc. Isto é tão verdade que em um caso de roubo em algum lugar de São Paulo a mulher entrou na delegacia para fugir de um ladrão e o mesmo entrou na delegacia e ficou puxando a bolsa da mulher chegando a bater nela, os policiais nada fizeram e depois alegaram terem pensado que era uma briga de marido e mulher, e ai? Esses imbecis não sabem que existe leis específicas para violência contra a mulher? Não sabem que não importa o que as pessoas sejam, violência é violência, agressão é agressão. Este ocorrido demonstra bem o quão atrasados estamos com relação a violência contra a mulher.
Inúmeras mulheres se sujeitam a um estado de terror em suas casas, sob agressões diárias, ameaças, torturas psicológicas e tudo mais o que os seus maridos trabalhadores e pais de família decidirem que podem fazer porque afinal de contas eles são os homens, e essas mulheres nada fazem, agüentam caladas até um dia que se tornem apenas mais um número dentre os que acabaram em assassinato. Por que essas mulheres não fazem nada? Porque para elas o seu marido pode fazer isso, porque em vários casos elas não tem como se sustentar, logo tem que aceitar tudo sem reclamar se quiser ao menos comer. Essas mulheres também foram educadas sob a batuta de homens e mães que lhe ensinaram a obedecer seus maridos e serem totalmente submissas a eles, pois é o que é certo. Os maridos não podem fazer nada para ajudar nos afazeres domésticos e elas têm que fazer de um tudo, e mesmo que trabalhem fora, têm que ainda chegar em casa e cuidar de tudo. Em vários casos também mulheres que tem condições de se manter, tem um certo grau de escolaridade, porém infelizmente ficam refém do que aprenderam durante toda a vida.
Outros casos de violência que simplesmente são aceitos são violências contra crianças. Muitos pais se acham no direito de fazer o que quiserem com seus filhos, pelo simples fato de se acharem donos deles, quem nunca ouviu – o filho é meu, faço o que quiser. Os pais tratam seus filhos como se fossem sua propriedade, e por isso eles têm o direito de espancá-los sem que ninguém ache ruim. As pessoas simplesmente tem filho sem ter noção do que isso significa e os tratam como se fossem merda. Diversas cenas podem ser presenciadas em shoppings e parques por ex. os pais não sabem educar seus filhos e depois acham que apenas batendo é que dá solução, não percebendo que as atitudes não foram tomadas desde cedo, desde que o filho era bem novo. Eles acham que não existe outro modo a não ser uma bela surra, porque “já” tentaram de tudo, só que quando tentaram de tudo? Quando já não tinha mais jeito? Quando o filho já estava grande? Nesses casos realmente fica difícil e nem a bela surra irá dar jeito.
É bom ouvir de alguns pais (quando eu falo sobre a educação de seus filhos) “quero ver quando tiver o seu como vai ser” é bom eles não enxergarem a plena incompetência deles na criação e educação de seus filhos e projetarem ela pra você, porque “você ainda não é pai, vai ver como é”. Essas pessoas esquecem que nem todos repetem aquilo que viveu, as pessoas (inteligentes) separam as coisas boas e deletam as ruins, fazendo uma seleção para poder fazer algo da melhor maneira, e se um dia tiver um filho será dessa forma que ele será educado e nesse dia vou olhar pros incompetentes e dizer, “ta vendo como foi diferente? Nem todos são burros como você”.
Como diria Shakespeare “que não pune a maldade, apóia sua ação” , faça diferente não use uma cultura como desculpa para a violência, não use nada como desculpa para simplesmente aceitar.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Violência - 1

A violência há algum tempo está comendo solta pelo mundo a fora, mas não vou falar aqui de guerras ou outras coisas do gênero.
As pessoas que tem de algum modo, poder se beneficiam da possibilidade de praticar atos de violência (sexual, física por ex.) com a certeza (e em 99% dos casos estão certos) da impunidade. Quantos filhos de pais abastados fazem verdadeiras barbáries e nada acontece com eles, e quando acontece algo é o mínimo do mínimo do que aconteceria se um filho de um pobre (se for preto pioram as coisas) roubasse apenas o ipod do riquinho. Os pais protegem seus filhos do mundo real, criando uma redoma de tudo se pode em torno do seu querido herdeiro, e quando o indivíduo faz alguma merda (tacar fogo em alguém, em algum animal, estuprar, matar e etc.) o paizinho e a mamãezinha protegem seu anjinho de tudo e garantem que ele não irá pagar pelo que fez, e o herdeiro fica livre de qualquer punição, tanto na justiça quanto em casa (que é até capaz de ganhar algum agrado por ter sido “exposto”).
Quantos pais legitimam tudo o que seus filhos fazem? E em geral o argumento é de que devem ter sido as amizades. Amizade errada faz muita coisa de ruim, mas quando não se dá limite algum ao filho, quando não se educa de verdade (não apenas pagando escolas caras), quando não se tem uma relação franca demonstrando tudo o que pode acontecer na vida, não precisa de amizade torta pra levá-lo pro mau caminho não, provavelmente o filhinho é que é a amizade torta.
Há um tempo em Florianópolis o filho de um delegado e do dono da licenciada da emissora Globo estupraram um garota de 13 anos (eles tem 14 anos), quando foi denunciado o caso correu em segredo de justiça por se tratar de menores de idade, agora... quantos menores (pobres) têm algum tipo de proteção para que seus futuros não sejam prejudicados por algum delito (seja qual for) que ele tenha cometido? Nenhum, a primeira coisa que se faz é mostrar o menor em uma delegacia com a mãe indo pegá-lo ou sendo levado para uma Fundação Casa da vida.
Há uns anos uns garotos em Brasília atearam fogo em um índio e alegaram pensarem se tratar de um mendigo, o que acontece na cabeça de uma pessoa dessas? E o que aconteceu com eles? Nada, estão levando suas vidas como se nada tivesse acontecido, com seus negócios sendo freqüentados normalmente como o de qualquer um, e tudo graças a papai e mamãe que garantem que seus filhos não sintam a realidade na pele.
Agora seria engraçado ver depois de eles terem cometidos tais crimes, acontecer o mesmo com eles, estuprados os estupradores, ateado fogo nos incendiários, o que seus pais diriam? Provavelmente que a justiça tem que ser feita, mas seria engraçado de ver nada acontecendo também, sob a mesma alegação que livrou a cara deles (sim, fui sádico aqui).
Mudando a idade dos bandidos, o que acontece com ricos/poderosos que cometem estupros, assassinatos e etc.? Nada, a não ser alguns pouquíssimos casos que vêm a tona pra mostrar que a justiça não enxerga nada além da justiça. Um indivíduo matou e picou a mulher toda, confessou o crime, depois de muito tempo houve seu julgamento e o que aconteceu? Ele foi julgado culpado e...? Quando foi lida a sentença, acabou o julgamento e mesmo tendo sido condenado o ser (que agora está quite com a justiça) foi para sua casa (e não pra prisão domiciliar). Não importa se é rico apenas, se tiver poder (não apenas de poder à poderoso-chefão) de influência, de saber os podres de pessoas com poder (endinheirados, políticos, juízes e etc.) nada ou algo bem perto de nada irá acontecer.
Uma coisa que me gera indignação são os casos que se tornam famosos, e que parece que no país nenhum crime mais aconteceu, e em geral chama atenção quando é alguma família de classe média (rica não, porque na maioria dos casos abafa e se safa no final) e que em geral a vítima é bonita. Quantos não já ouviram a frase – coitadinha, era tão bonita. Como assim? Estão livra pra matar “feio” porque esses de alguma forma merecem o destino trágico que lhe foi imposto? A mídia escolhe alguns casos e as pessoas simplesmente não dão a mínima pra tantos outros que acontecem semelhantes e muito piores, e no final nada acontece, não se investe para se levar os culpados e que eles paguem pelo que fizeram.